Sistemas de escrita da Ásia: Japão


Foto de Engin Akyurt para o Pexels.
Talvez uma das maiores curiosidades dos idiomas da Ásia seja em relação às escritas diferenciadas, várias delas usando símbolos que não se assemelham em nada com o alfabeto latino (ou romano). Essas formas podem ser a principal razão para aquele velho pensamento de que sejam difíceis para aprender. Contudo, há de se observar primeiramente que há uma separação entre as linguagens escrita e falada, pois o que pode parecer lógico para nós ocidentais na correspondência entre sons e escrita não é tão evidente assim no extremo oriente e vice-versa.

Nesse e nos próximos artigos serão explorados alguns dos sistemas de escrita diferenciada do oriente, tanto os mais populares, como o japonês e o chinês, quanto os menos falados conhecidos por aqui, como o tailandês e o nepalês.

Bandeira do Japão. Foto do Pixabay

Japão (Ásia Oriental):

O sistema de escrita japonês é mais simples do que parece. Um único idioma falado é usado para os dois sistemas de logogramas*: kaná e kanji. O primeiro, dividido em hiraganá e katakaná, é um sistema onde cada símbolo representa uma sílaba existente no idioma. Já no segundo, cada símbolo usualmente representa uma palavra relacionada a uma ideia, um objeto, etc.

A um ocidental, que olhe somente para esses sistemas, parece impossível sua pronúncia por não ter ponto de partida devido à grande diferença das escritas ocidentais. Contudo, há um sistema adicional que pode facilitar a compreensão: o romaji. Trata-se da escrita dos sons ou correspondência de cada símbolo em alfabeto latino.

A seguir uma exemplificação de cada sistema contendo seus respectivos romajis para facilitar o entendimento.

Hiraganá: 
cada símbolo significa uma sílaba, mas das palavras que são originárias no país.

Exemplos:
いぬ (i nu: cachorro) 
ねこ (ne ko: gato) 
いけ (i ke: lago)
りゅう (ri yu u: dragão)


Katakaná: 
assim como o anterior, cada símbolo significa uma sílaba, mas usado para palavras e nomes estrangeiros.

Exemplos:
アイスクリイム (a i su ku rī i mu: ice cream / sorvete) 
マカロニ (ma ka ro ni: macaroni / macarrão)
マクドナルド (Ma ku do na ru do: McDonald's)
ブラジル (Bu ra ji ru: Brasil) 


Kanji: 
extensão do sistema chinês que usa muitas vezes os mesmos ideogramas, porém no idioma falado do Japão. Cada símbolo representa uma palavra.

Exemplos:
犬 (inu: cachorro)
猫 (neko: gato)
池 (ike: lago)
竜 (ryū: dragão)

Há entre 2000 e 3000 kanjis para uso diário, ainda que se afirme serem bem mais no todo. Para o início do aprendizado são ensinados os 1006 primeiros kanjis nos seis primeiros anos da escola regular do Japão. Não é difícil encontrar uma lista desses símbolos para iniciar o aprendizado do "Kyōiku kanji" (sistema de ensino que engloba esses primeiros símbolos). Na própria wikipedia há artigos que, apesar de estarem em inglês ou espanhol, são bem fáceis de entender usando o Google Tradutor, sem contar que há uma série de livros para autoaprendizado usando as mais variadas metodologias.

Outra alegação é de que os símbolos não têm conexão com a realidade, o que não é verdade. Historicamente há uma evolução na forma de representar a natureza com desenhos. E essa mudança no tempo é facilmente percebida observando de que forma pictogramas* levaram a um logograma, como no exemplo a seguir:


Apesar de não serem os pictogramas oficiais que derivaram nas sua respectivas formas atuais, podem dar uma ideia da origem de cada um. Já a pronúncia e o som associados à imagem têm relação à língua falada, como no caso acima onde ambos são representados por "hi", mas com significados diferentes. Um mesmo logograma pode também ter mais de um sentido, como o usado para sol que pode significar também "dia", mas cujo som permanece.

Já no sistema kaná, basta memorizar cada sílaba e aplicar às palavras. Mas assim como os próprios idiomas ocidentais, a grafia é importante. É possível escrever e ser compreendido usando somente esse sistema, mas a escrita japonesa completa é composta por ambos.

Tabela do kaná e suas respectivas romanizações. Imagem de Wikimedia Commons.
Quanto ao sentido da escrita, a principal maneira é como no ocidente: na horizontal da esquerda para a direita. Há muitos casos onde é usada a vertical, de cima para baixo. Ambas estão corretas.

Em geral, quando se aprende o idioma japonês, é desejável já começar usando alguns kanás principalmente se o intuito for fazer amigos do país. Não é bom usar romaji para tentar a comunicação pois não parece ser adequado. Amizades pela internet, ou penpal, começam usualmente em modo texto para bem depois passar para as mensagens em áudio e vídeo. Logo, um esforço extra é muito bom e sinal de respeito principalmente na comunicação inicial escrita com amigos do outro lado do planeta que têm uma cultura tão incrível e um idioma tão interessante.


* Os símbolos das escrita asiáticas como os vistos no texto são geralmente referidos como ideogramas quando na verdade se tratam de logogramas. Ideogramas são relacionados diretamente a ideias, enquanto os logogramas, às palavras que se ligam a essas ideais. É possível escrever textos usando vários logogramas, mas um ideograma leva a uma conclusão única, como o símbolo de masculino e feminino nas portas de entradas em banheiros, por exemplo. Já o pictograma representa apenas um conceito, objeto, atividade, lugar ou evento por meio de ilustração, como as pinturas em cavernas feitas na pré-história. Para saber mais, há um texto completo no site História Visual da Comunicação (em inglês) a respeito do assunto.




Para maiores informações sobre os países da Ásia, viagens, promoções e cultura siga a página do Instituto Brasilipino no Facebook. Publicamos notícias relevantes e dicas importantes para viagens internacionais em geral, com segurança e preços que cabem no seu bolso, sempre tendo como principal destinação os países do oriente. 



Licença Creative Commons
O trabalho Blog Oficial do Instituto Brasilipino para integração das culturas Brasileira e Asiática de Giovani Fernandes está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em https://brasilipino.blogspot.com/.

Postagens mais visitadas deste blog

A semana na Ásia - 2 a 8/02 de 2020

Os 5 melhores clubes de praia de Bali

5 sugestões do que fazer na Geórgia